Camila Pasin
Formada
em 1998, a banda Planta e Raiz é um dos destaques do reggae nacional e vem
reunindo uma crescente legião de fãs ao longo dos anos. Completando 15 anos de
estrada em 2013, o grupo lançou seu oitavo disco, o projeto duplo “Bora Viver”
e “De Sol a Sol”. A produção ficou por conta de Zeider, Samambaia e Franja e
foi realizada de forma descontraída no estúdio da própria banda, em São Paulo.
O grupo está bastante empolgado com o álbum, que ainda contou com participações
especiais, dentre elas a cantora Claudia Leitte, Sabotinha (filho do rapper
Sabotage), Fernando Anitelli (Teatro Mágico), Di Ferrero (NX Zero), Stereodubs
e Tati Portela (Chimarruts), a qual participou da canção “Linda”, novo single
do disco.
O
Planta e Raiz está percorrendo diversas cidades do Brasil com a Tour Bora Viver
e tem a pretensão de tocar novamente fora do país, como já fizeram no ano
passado.
Leia
a entrevista do Entre Bandas com Samambaia, baixista do Planta e Raiz,
que conta sobre os 15 anos de banda, as dificuldades e as vantagens de trabalhar
de forma independente, a produção dos últimos discos, e muito mais! Samambaia
fala também sobre o show na cidade de Bauru, que aconteceu na sexta-feira
(17/05). Olha só:
Samambaia - Planta e Raiz em Bauru |
Como você define o disco
duplo “De Sol a Sol” e “Bora Viver”, lançado este ano?
Eu
defino até como um dos melhores CDs da banda, pois retrata de forma bem
verdadeira o que o Planta e Raiz realmente é. Nós que fizemos tudo, desde a produção
até a mixagem. Acho que é um dos discos que mais descreve a cara da banda
mesmo, nós nos envolvemos bastante desde o começo até a finalização do trabalho.
Musicalmente,
acredito que teve uma grande evolução comparando com o começo da banda, quando
nós ainda não tínhamos experiência de gravação e tudo mais. Além disso, a banda
tem buscado se aprofundar mais nas raízes. O disco teve muitas influências
originais, bem reggae mesmo.
E as parcerias na
composição do disco?
No
novo disco, nós contamos com algumas participações, o que veio em uma hora bem
especial, levando em conta a dificuldade que enfrentamos ao gravar e lançar um
CD autoral. Ficamos muito felizes em poder contar com essas participações para
fortalecer nosso disco, com certeza elas deram muita força para o Planta e Raiz
e engrandeceram muito a banda. Foi massa a galera ter vindo aqui no estúdio,
que é na garagem da minha casa.
Planta e Raiz em Bauru |
Como foi a gravação?
O
disco foi gravado de forma independente. Fomos ganhando uma experiência com a
gravação em estúdios grandes, com o Rick Bonadio, no Midas. Durante esses anos
todos, eu fui pegando experiência na parte técnica de gravação, masterização,
mixagem, e captação de som. Eu tenho um estúdio desde que começamos a banda,
onde acontecem os ensaios desde 1998.
Qual a diferença entre
trabalhar com gravadora e de forma independente na produção de um álbum?
Eu
valorizo muito o fato de o Planta e Raiz ter trabalhado com o Rick Bonadio, nós
aprendemos bastante. Admiro muito e sou fã dele e de sua equipe até hoje, o
Midas é uma mega produtora. A diferença é que agora nós conseguimos andar com
as próprias pernas e conseguimos produzir a nossa própria música, nosso próprio
disco. Acabamos transferindo uma energia muito maior pelo envolvimento mais intenso
da banda com a produção do disco.
É importante levar em conta também o fato de
trabalharmos em um estúdio que frequentamos há anos, onde nós já nos sentimos
em casa. Existem aqueles momentos em que queremos dar uma parada. Em estúdio
próprio, é possível fazer isso. Já em estúdio grande, é mais complicado, porque
existem funcionários trabalhando ali, então temos que seguir certos horários.
Independente,
temos mais liberdade, conseguimos trabalhar mais à vontade. Na gravação do
último disco, tiveram dias em que decidimos não gravar, e outros em que ficamos
até de madrugada. Nos sentimos mais à vontade, e isso transfere para o disco
também. Se fôssemos gravar em outro estúdio, teríamos que pagar a hora, e acaba
tendo uma pressão natural.
Planta e Raiz em Bauru |
E as dificuldades?
Existem
dificuldades por causa dos equipamentos, que são muito caros. Nós temos alguns
equipamentos, mas precisaríamos de muito mais para ficar igual aos estúdios
grandes. Mas, por outro lado, existem coisas que compensam. É possível fazer de
outra forma, não existe regra. Você pode fazer com um equipamento de cem mil
dólares, mas você pode fazer também com uma placa de 500 reais a gravação. É possível que saia diferente, mas não podemos falar o que é melhor ou
pior, não é?!
No disco “Planta Adubada”
vocês regravaram músicas da banda com uma levada mais instrumental que se
diferenciou dos outros discos. De que forma aconteceu essa gravação?
O
“Planta Adubada” nós gravamos em um clima bem descontraído também, na casa do
Buguinha, produtor desse disco. A gravação foi muito legal! Cada um ficou em um
lugar. Eu e o Kuyo, baterista da banda, ficamos na sala; o Juliano ficou na
cozinha com a percussão; os caras do metal ficaram lá fora com os microfones; e
o Zeider também ficou lá fora, em outro cantinho. Foi muito legal, cada um em
um canto fazendo seu som. Depois, foi feita uma arte do Dub que ficou animal.
Fizemos
250 cópias em vinil do disco com essa nova roupagem das músicas e já vendemos tudo!
Durante esses 15 anos
de estrada, qual foi o maior aprendizado?
O
maior aprendizado foi conviver com as pessoas, saber ouvir e se expressar. Isso
a gente aprende a cada dia. A convivência de uma banda é muito legal, a gente
acaba vivendo até mais entre os brothers do que com a família mesmo. Torna-se
outra família.
Vocês estão fazendo
campanha nas redes sociais para o pessoal votar “Planta e Raiz” no Prêmio
Multishow. Qual é o reconhecimento do reggae na mídia?
O
reggae sempre teve seu espaço, mas poderia ter um pouco mais. No nosso caso, estamos
fazendo campanha para a galera votar no Prêmio Multishow, mas o nosso nome não
aparece nem entre os destaques das bandas. Eu acho, portanto, que o reggae poderia
ter um pouco mais de visibilidade na mídia. Mas nós vamos lutando, e o
importanto é unir as bandas, para elas não desistirem e continuarem na ativa. É
comum vermos músicos desistirem no meio da estrada e pararem de tocar.
O
Planta e Raiz sempre foi guerreiro durante esses 15 anos. Claro, ainda é
necessário fortalecer o reggae no país, existirem mais bandas e tudo mais, para
poder ter mais acesso à mídia. Ao mesmo tempo, acredito que o reggae não precisa
disso. O reggae sempre esteve envolvido com as pessoas que gostam de boa
música, que vão atrás e que, uma hora ou outra, acabam conhecendo.
Planta e Raiz em Bauru |
Foi sancionada, no dia
14 de maio, uma lei que instituiu o Dia Nacional do Reggae no Brasil, em
homenagem a Bob Marley. Qual a sua opinião sobre isso?
Eu
acho legal o Dia Nacional do Reggae, é bacana. Mas eu me preocupo mais com a
situação do nosso país. Não estou muito preocupado com o “dia disso, dia
daquilo”. As escolas deveriam ter mais infraestrutura e o dinheiro deveria sem melhor
aplicado. Ao invés de os políticos prometerem mais hospitais e mais escolas,
eles deveriam arrumar os que já existem.
Enfim, eu me preocupo com outras
coisas em relação a leis e decisões governamentais. Acredito que o país só vai
mudar se a “parada” realmente for séria. O dia do reggae é todo dia, quando o
cara acorda cedo e vai trabalhar, volta no fim do dia e ainda tem que se
preocupar com a família e tudo mais. Para mim, reggae é isso, o dia-a-dia do
trabalhador do gueto.
Como foi o show do grupo
na cidade de Bauru, realizado dia 17 de maio?
Eu
gostei bastante da galera de Bauru, fiquei bem feliz com o show. Conhecemos
algumas pessoas em Bauru nesse último período, que agitaram esse show. Fiquei
muito feliz com o movimento da galera para levar a banda à cidade. Gostei
demais e quero voltar mais vezes. Acho que ainda temos muito show para fazer em
Bauru.
E que som você indica
para a galera ouvir?
Eu
curto bastante Ziggy Marley e Damian Marley. A família Marley é bem legal de
conhecer. Mas eu acho que Bob Marley é, realmente, o rei do reggae. Todas as
pessoas que querem tocar em uma banda devem conhecer e ouvir muito o Bob para
se aprofundar nele musicalmente. Em minha opinião, é claro. Além disso, indico
Diana, SOJA, os brasileiros do Ponto de Equilíbrio... Ainda acho que tem muita
coisa boa surgindo por aí.
Para finalizar, você
quer deixar um recado para o pessoal que ler a entrevista?
Quero
dar um abraço na galera de Bauru e região, e dizer que gosto muito do interior
de Sampa. Queremos voltar mais vezes para tocar e curtir um pouquinho aí,
porque é muito bom. Quando fomos para Bauru tocar, estava maior chuva aqui em
São Paulo, e aí, maior sol. Então, foi um grande prazer! (risos).
Planta e Raiz em Bauru |
Nossa que gostoso de ler essa entrevista, Camila. Parabens pelo seu trabalho, muita luz!!!
ResponderExcluirE vc Samamba, meu, sem palavras... o sol que estava em bauru foi justamente pra aquecer a recepçao de vcs... deus nos abençoou mais uma vez!!! acredita q logo que foram embora ja chegou o frio aqui na City sem limites!!!
Esse dia vai estar na minha mente pra sempre, em minha cabeça ficaram registradas imagens q jamais se aparagao!
Desejo ao Planta muita positividade, estamos juntos na luta pelo reggae, pela paz, pelo justo!!!
E que realmente tenham muitos shows por aqui, e pode tweer certeza q estarei envolvida, nem q seja de alegre :D
E VAMO Q VAMO VER O PLANTA E RAIZ DIA 08 DE JUNHO NO JOAO ROCK, EM RIBEIRAO!
Olá, Karlinha!
ExcluirQue bacana que gostou da entrevista, fico feliz!
É isso aí, esperamos o Planta e Raiz aqui em Bauru de novo com toda essa energia positiva, né?!
Beijo!