sábado, 17 de maio de 2014

A rua é nóis!

Foto: Mariana Duré
 Camila Pasin

Nessa quarta-feira, 14 de maio, Bauru novamente afirmou que o interior tem voz. A cidade, palco de um ascendente cenário hip-hop, recebeu o rapper Emicida em um show marcante no Sesc. Quem esperava encontrar ali só o rapper com um microfone na mão ficou impressionado com a quantidade de instrumentos e ritmos que compunham as músicas. Tambor, berimbau e guitarra acompanhavam os discos do DJ Nyack. E os instrumentistas fizeram um show à parte com suas coreografias e sintonia.

A última vez que Emicida havia se apresentado em Bauru foi em 2011 no festival Canja, evento realizado pelo Enxame Coletivo que reúne diversas formas de manifestação cultural. Nesses três anos de diferença, é notável a mudança pela qual o rapper passou, tanto na composição das canções quanto nos ritmos mas, claro, sem deixar para trás as batidas tradicionais de seu rap. O álbum “O Glorioso Retorno de Quem nunca Esteve Aqui” , produzido de forma independente pela gravadora Laboratório Fantasma e lançado em 2013, traz influências do MPB e samba, além da participação de artistas como Pitty, Tulipa Raiz e MC Guimê. A emocionante canção Crisântemo, que trata sobre a relação de Emicida com seu pai, falecido quando o rapper ainda era criança, tem a participação especial de Dona Jacira, mãe de Emicida, tocando o coração de quem ouve.

Foto: Mariana Duré
“O interior tem voz”. Foi nesse coro que o rapper bauruense Coruja BC1 subiu ao palco, deixando até Emicida sem palavras, “respeitei”, foi o que ele disse após essa fervorosa entrada e imediata conexão com o público. Renan Inquérito também teve participação no show, fazendo um belo dueto com Emicida e trocando diversas rimas. O sambista Jair Rodrigues, falecido recentemente, também foi lembrado e homenageado no show.

Depois de muito rap, rima, funk, romance e bom humor, foi no samba que Emicida encerrou seu show, sendo “O trem das onze”, de Adoniran Barbosa, uma das últimas canções da setlist. Mais uma vez, a música brasileira mostrou-se cada vez mais integrada entre seus ritmos e nuances.

Foto: Mariana Duré

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