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Foto: Camila Pasin |
Camila Pasin
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Foto: Camila Pasin |
Depois de um longo mês de maio, chegou o dia, dia de João Rock. 31 de
maio de 2014, já pela manhã, iniciam-se os preparos daqueles que foram de
outras cidades para o festival. A abertura dos portões aconteceu por volta das
15 horas. O clima estava bom, sem frio intenso nem calor e, por sorte, sem
chuva também, o que seria um problema por conta do solo arenoso que compunha o
FEAPAM - Parque Permanente de Exposições, em Ribeirão Preto, onde aconteceu o evento. Quanto à
estrutura, havia o Palco João Rock e o Universitário, sendo que o primeiro era
composto por dois palcos, pelos quais se alternava um show e outro, evitando
atrasos e facilitando o deslocamento do público devido à proximidade. Esse foi
um dos pontos mais positivos no festival deste ano, segundo Caio Lanzoni, de Porto
Ferreira/SP, que foi pela sexta vez no João Rock. Para os mais radicais, havia
também uma pista de skate e bungee jump.
Mas vamos falar sobre o que mais nos importa: música. O festival começou
com os ares praianos do Sr. Bamba, grupo de São Sebastião formado em 2013, que
ganhou o concurso de bandas para abrir o festival João Rock. Com certo toque de
Charlie Brown Jr. nas canções, o grupo tocou um repertório com músicas autorais
e abriu o João Rock com estilo. Logo depois, às 17h50, foi a vez de Zé Ramalho
mostrar ao público todo seu talento e voz exuberante, iniciando com “Pra não
dizer que eu não falei das flores”, de Geraldo Vandré. Eram dois os artistas
fazendo show naquele momento: Zé Ramalho & Banda Z e, à direita, a
maravilhosa vista do sol se pondo, o que tornou o momento ainda mais especial.
E o público acompanhou em coro as canções de Zé, recheadas de críticas e
mensagens subliminares, e não só sobre a nossa sociedade mas também sobre a
vida além da Terra. Seu “colega de profecias”, Raul Seixas, foi homenageado no
show, com “Gita” e “Medo da Chuva”. Aliás, Raul Seixas foi lembrado a todo momento durante o festival. Além
de ter um show especial em sua homenagem no Palco Universitário, eram tocadas
suas músicas nos intervalos entre os shows.
Quando o sol já havia se posto e a belíssima lua tomou conta da noite,
já era hora de CPM 22. Ao ver no palco apenas a bateria e alguns violões, não
parecia, de fato, que subiria ali o pessoal do CPM. Segundo o vocalista Badauí,
aquele era um show em formato especial, acústico, da nova turnê. E, apesar do
diferente formato, era impossível não reconhecer as fortes características da
banda, a qual tocou diversas músicas antigas, fazendo a galera relembrar anos
atrás. O grupo mostrou-se contente de estar de novo tocando no João Rock, e até
brincou se a falta de luz no palco era para eles acertarem os solos no escuro.
O problema persistiu até o final do show, foram improvisadas algumas lanternas,
mas não foi um grande empecilho para o CPM fazer um bom show e levantar o
público.
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Foto: Camila Pasin |
Aos poucos, ia-se notando o peso das 40 mil pessoas que ali se
encontravam. Isso foi evidente durante o show do Nando Reis e os Infernais, um
dos mais esperados da noite. Além de ter músicas do último disco, “Sei”, o
repertório incluiu canções mais tradicionais e teve até a participação especial
dos “dois reis”, como o próprio cantor se referiu aos seus filhos, Sebastião e
Theodoro, os quais cantaram e tocaram junto ao pai.
O próximo show foi do O Rappa, que começou em clima de festa por ser dia
de aniversário do vocalista Falcão, com direito a “Parabéns a Você” pelas
milhares de pessoas que ali estavam. A expectativa em relação ao show do O
Rappa se transformou em estranhamento ao decorrer do tempo, especialmente no
final, quando abruptamente Falcão encerrou o show, enquanto ainda introduzia a
música “O Salto”. Isso se deu, provavelmente, graças ao longo discurso de
Falcão criticando a Copa do Mundo e toda a política envolvida, o que deu margem
a um coro contra a presidente Dilma Rousseff. Há controvérsias quanto a essa
repentina saída do grupo do palco, por conta do tempo de show restrito à cada
banda, ou até mesmo censura pelo fato de o evento estar sendo televisionado. O
que sabemos é que Falcão simplesmente encerrou o show dizendo: “tem outras
bandas pra tocar, vamos deixar elas tocarem”, e deixou o palco minutos antes do
previsto para o término da apresentação.
Trazendo novamente a descontração ao clima, Os Paralamas do Sucesso
foram os próximos a fazer música no João Rock. Foi contada ali uma bonita
trajetória do trio, com uma retrospectiva projetada no telão, composta por
fotografias antigas da banda e os nomes das próximas músicas que seriam
tocadas, além do ano de gravação de cada uma delas. “Aonde quer que eu vá”,
“Lanterna dos Afogados” e “Meu Erro” foram algumas das canções do setlist.
Pelo mesmo caminho de descontração e festa, veio Jorge Ben Jor. Logo de
cara, já pudemos perceber que seria um show diferente ao ver toda a banda
vestida de branco, o que se contrastou com os outros grupos que haviam se
apresentado até então, com o tradicional preto, marca do rock n’ roll. Bom,
vinha samba por aí. E Ben Jor realmente fez todo mundo dançar, principalmente
na segunda metade do show, onde concentrou maior parte das músicas de mais
sucesso.
Depois dos pandeiros de Jorge Ben Jor, Nação Zumbi tomou conta dos
últimos minutos de João Rock, com seus tambores e guitarras. Com um repertório
balanceado entre as novas canções e aquelas do tempo de Chico Science, o
manguebeat e caranguejos do grupo Nação Zumbi fizeram Ribeirão Preto levantar
do chão. O baterista do Paralamas do Sucesso, João Barone, também compôs as
batidas de “Manguetown”, em participação especial.
O evento chegava ao fim e, claro, a voz que ouvíamos ao deixar o Parque
Permanente de Exposições era a de Raul Seixas, mas não em gravação. Para fechar
o festival, o cover de Raul, que havia se apresentado no Palco Universitário,
cantou algumas músicas do “colega de profecias” de Zé Ramalho, cheio de estilo.
Outras atrações do Palco Universitário foram Ponto de Equilíbrio, Raimundos,
Vespas Mandarinas, Vanguart e Nem Liminha Ouviu.
Foto: Camila Pasin
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