Camila Pasin
Ultrapassando os vinte
anos de carreira e com mais de dez discos lançados, a banda Raimundos é, hoje,
uma das mais expressivas bandas de rock do país. Mesmo aquele que não é fã de
rock, com certeza sabe cantar ao menos alguns versos de “Mulher de Fases”,
single do disco Só no Forévis, lançado
em 1999. “Me Lambe” e “A Mais Pedida” também são canções do mesmo disco que se
tornaram verdadeiros hits nacionais.
Tantos anos depois, com
mudanças nos integrantes da banda e voltando à cena independente, o Raimundos continua
tocando e produzindo com a mesma essência do início, sem perder a identidade e
a fidelidade do público. Em 2013, o grupo conseguiu financiar o disco “Cantigas
de Roda”, lançado no ano seguinte, através de um crowdfunding (financiamento
coletivo) pelo Catarse. Quanto maior a contribuição, maior era a recompensa aos
doadores, como a forma física do disco e encontros com a banda. E o resultado
foi inesperado: 200% da meta almejada.
Nós, do Entre Bandas, entrevistamos o vocalista e
guitarrista Digão que, ao lado de Canisso no baixo, Marquim na guitarra e Caio na
bateria, trazem muito rock aos ouvidos brasileiros. Confira:
Juntamente com a banda Kaiser Chiefs, o Raimundos
fez a abertura de três dos quatro shows do Foo Fighters no Brasil, em janeiro.
Como foi a experiência de tocar nesses shows?
O legal é que tinham três bandas de Rock somente, e
o público que foi lá era pra ouvir só Rock. Então os shows foram perfeitos!
Apesar de serem cedo e curtos, deu pra passar bem o nosso recado.
Como surgiu a ideia de criar o vlog Raimundos TV e
como são feitas as produções? E a repercussão do projeto?
Isso é coisa do nosso empresário visionário Denis
Porto. No começo, a gente mesmo filmava, depois colocamos um diretor de cinema
pra fazer a produção. A repercussão é ótima, nossos fãs adoram entrar nas nossas
vidas através do Raimundos TV.
Nas redes sociais, podemos notar que a banda mantém
uma relação muito próxima com os fãs. Como se dá o
contato de vocês com o público durante todos esses anos de banda?
Nunca fui uma pessoa de se isolar, criar uma
redoma, acho isso ridículo. Gosto de sentir o feedback do que tá rolando e, às
vezes, até dar uma "pisa" em quem precisa rsrs. Mas amo os nossos fãs
e eles sabem disso, tenho um carinho e até conheço muitos pelo nome.
Aliás, como vocês definem o Raimundos de 20 anos
atrás e o atual?
Odeio me definir, prefiro mostrar através de nossas
apresentações que continuamos com o mesmo espírito.
Nos anos 90, a banda trabalhava junto com uma
grande gravadora em suas produções. Como é para vocês enfrentarem a cena
independente nos dias atuais? Quais pontos positivos e negativos?
Apesar de estarmos numa grande gravadora naquela
época, tínhamos total liberdade criativa e mantivemos assim até hoje. Viemos do
underground e tenho muito orgulho, esse é o lado positivo. O ponto negativo
está na própria música brasileira em si, subsídios bancando coisas duvidosas
empobreceram demais o que o brasileiro escuta. Criou-se uma monocultura que não
é nem um pouco saudável. Graças a Deus temos uma carreira sólida e, apesar de
não dispor do alcance de antigamente, a nossa credibilidade com nossos fãs nos
mantém em uma posição bastante agradável. Só de poder sobreviver daquilo que
amamos fazer tá mais que bom!
O último álbum lançado, Cantigas de Roda, foi
financiado pelos próprios fãs através de um crowdfunding realizado no Catarse. Vocês imaginaram que iam atingir mais
de 200% da meta? Como foi essa experiência?
Estávamos morrendo de medo, não tínhamos idéia do
que ia acontecer, só posso dizer que foi muito gratificante ver a confiança que
nossos fãs depositaram na gente e poder retribuir com um trabalho muito bem
elogiado por eles. Foi mágico!
E quais as metas do Raimundos para 2015?
Tocar, tocar e tocar!
Obrigada pela entrevista! Vocês querem deixar um
recado para o pessoal que também quer entrar para o mundo da música?
Acredite naquilo que gosta, se inspire, não imite,
faça música pela música. Só através do suor virá a bonanza...
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