terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Entrevista Raimundos


Camila Pasin

Ultrapassando os vinte anos de carreira e com mais de dez discos lançados, a banda Raimundos é, hoje, uma das mais expressivas bandas de rock do país. Mesmo aquele que não é fã de rock, com certeza sabe cantar ao menos alguns versos de “Mulher de Fases”, single do disco Só no Forévis, lançado em 1999. “Me Lambe” e “A Mais Pedida” também são canções do mesmo disco que se tornaram verdadeiros hits nacionais.

Tantos anos depois, com mudanças nos integrantes da banda e voltando à cena independente, o Raimundos continua tocando e produzindo com a mesma essência do início, sem perder a identidade e a fidelidade do público. Em 2013, o grupo conseguiu financiar o disco “Cantigas de Roda”, lançado no ano seguinte, através de um crowdfunding (financiamento coletivo) pelo Catarse. Quanto maior a contribuição, maior era a recompensa aos doadores, como a forma física do disco e encontros com a banda. E o resultado foi inesperado: 200% da meta almejada.

Nós, do Entre Bandas, entrevistamos o vocalista e guitarrista Digão que, ao lado de Canisso no baixo, Marquim na guitarra e Caio na bateria, trazem muito rock aos ouvidos brasileiros. Confira:

Juntamente com a banda Kaiser Chiefs, o Raimundos fez a abertura de três dos quatro shows do Foo Fighters no Brasil, em janeiro. Como foi a experiência de tocar nesses shows?
O legal é que tinham três bandas de Rock somente, e o público que foi lá era pra ouvir só Rock. Então os shows foram perfeitos! Apesar de serem cedo e curtos, deu pra passar bem o nosso recado.

Como surgiu a ideia de criar o vlog Raimundos TV e como são feitas as produções? E a repercussão do projeto?
Isso é coisa do nosso empresário visionário Denis Porto. No começo, a gente mesmo filmava, depois colocamos um diretor de cinema pra fazer a produção. A repercussão é ótima, nossos fãs adoram entrar nas nossas vidas através do Raimundos TV.

Nas redes sociais, podemos notar que a banda mantém uma relação muito próxima com os fãs. Como se dá o contato de vocês com o público durante todos esses anos de banda?
Nunca fui uma pessoa de se isolar, criar uma redoma, acho isso ridículo. Gosto de sentir o feedback do que tá rolando e, às vezes, até dar uma "pisa" em quem precisa rsrs. Mas amo os nossos fãs e eles sabem disso, tenho um carinho e até conheço muitos pelo nome.

Aliás, como vocês definem o Raimundos de 20 anos atrás e o atual?
Odeio me definir, prefiro mostrar através de nossas apresentações que continuamos com o mesmo espírito.

Nos anos 90, a banda trabalhava junto com uma grande gravadora em suas produções. Como é para vocês enfrentarem a cena independente nos dias atuais? Quais pontos positivos e negativos?
Apesar de estarmos numa grande gravadora naquela época, tínhamos total liberdade criativa e mantivemos assim até hoje. Viemos do underground e tenho muito orgulho, esse é o lado positivo. O ponto negativo está na própria música brasileira em si, subsídios bancando coisas duvidosas empobreceram demais o que o brasileiro escuta. Criou-se uma monocultura que não é nem um pouco saudável. Graças a Deus temos uma carreira sólida e, apesar de não dispor do alcance de antigamente, a nossa credibilidade com nossos fãs nos mantém em uma posição bastante agradável. Só de poder sobreviver daquilo que amamos fazer tá mais que bom!

O último álbum lançado, Cantigas de Roda, foi financiado pelos próprios fãs através de um crowdfunding realizado no Catarse. Vocês imaginaram que iam atingir mais de 200% da meta? Como foi essa experiência?
Estávamos morrendo de medo, não tínhamos idéia do que ia acontecer, só posso dizer que foi muito gratificante ver a confiança que nossos fãs depositaram na gente e poder retribuir com um trabalho muito bem elogiado por eles. Foi mágico!

E quais as metas do Raimundos para 2015?
Tocar, tocar e tocar!

Obrigada pela entrevista! Vocês querem deixar um recado para o pessoal que também quer entrar para o mundo da música?
Acredite naquilo que gosta, se inspire, não imite, faça música pela música. Só através do suor virá a bonanza...

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