quinta-feira, 26 de março de 2015

Banda Seu Antônio

Guilherme Quinato
*Fotos por Jéssica Mobílio

A banda Seu Antônio surgiu em São Manuel, no ano de 2011. O repertório composto apenas por covers teve seus dias contados e composições próprias ganharam espaço nos shows, tendendo a ser o carro-chefe do grupo. Rodolfo Nicolosi, guitarrista e vocalista, fala um pouco mais sobre a trajetória e amadurecimento da banda.

Da esquerda para direita: Henrique Franco - baixo e banjo; Fernando Penteado (de boné) - gaita; César Morais - bateria; Rodolfo Nicolosi - guitarra e voz; Natan Gomes - guitarra e backing vocal

Como foi o processo de introdução de músicas próprias num repertório inicialmente composto apenas por covers? A aceitação do público é boa?

R: Dá um pouco de medo no começo. Imagino que seja natural, mas é meio assustador saber que ninguém está ali para ouvir o que você compôs e sim pra escutar os mesmos covers de sempre. Isso acontece muito no meio do rock e das casas de show/ baladas nas quais nos apresentamos. Por outro lado, é muito gratificante tocar um som próprio e ver uma cabeça ou outra sinalizando uma afirmação ou notar uma pessoa comentando com a outra “bom, ein?!”. Mas temos muita coisa autoral e não queremos que elas se percam: espalhamos nossos sons em doses homeopáticas no repertório e assim, tentamos mostrar nosso trabalho sem desanimar a festa do pessoal que esperava só clássicos.

A música autoral caminha a passos lentos no Brasil, principalmente para bandas que ainda estão se consolidando (seja no cenário underground ou mainstream). Como um grupo que quer mandar o próprio som, quais são as maiores dificuldades que vocês encontram no caminho?

R: Inicialmente, é muito difícil fazer contato com casas noturnas que aceitem contratar nossos serviços por um preço minimamente justo. Depois disso, rola o trampo de convencer o dono do estabelecimento – e posteriormente o público – de que vai ser legal mandar algumas coisas autorais e tudo mais.

Apesar de caminhar a passos lentos, a insistência de alguns “sobreviventes” do meio artístico, como por exemplo produtores e donos de bares, faz as bandas autorais darem uma respirada a mais e seguir em frente com o sonho de fazer o próprio som ser ouvido por aí.

As dificuldades não são só externas não. É realmente muito difícil encontrar pessoas que estejam completamente alinhadas ao propósito de fazer música autoral, as dificuldades são chatas e fazem os próprios músicos terem vontade de desistir e seguir tantos outros que ficaram pelo caminho e acabaram tocando os mesmos covers noite adentro. (Talvez minha fala aqui tenha uma pitada de recalque ou coisa que o valha, mas é muito triste mesmo ver a cópia e a reprodução fiel das mesmas músicas de sempre serem mais valorizadas que as vozes, estilos de composição e artistas que buscam o novo.)

Como se dá a relação de vocês com o público? As redes sociais são a melhor forma de interação e divulgação da banda?

R: Muito prazeroso, de verdade, ver qualquer coisa que o Seu Antonio faça ser reconhecida. Quem não gosta de um aplauso não é mesmo?! Temos certo reconhecimento na nossa região e sempre que tocamos pelas cidades do interior, temos a certeza de que determinados grupos de pessoas vão estar por lá! E isso só acontece, a princípio, por causa das redes sociais. Por exemplo, quando vamos tocar em algum lugar pela primeira vez, ninguém nos conhece, mas é através de plataformas como o Facebook, Soundcloud e Youtube que encurtamos a distância entre nosso som e o nosso público.

Depois, presencialmente, esse trabalho de consolidação da banda – em vários níveis – fica por conta da interação banda com a plateia e vice versa, mas é indiscutível o poder das redes sociais como o iniciador da formação de uma base de (eventuais) fãs.

Seu Antônio e… Seu Antônio! Avô do baterista é quem dá nome ao grupo

O estilo de vocês foi se moldando ao longo do tempo, adquirindo influências do country, por exemplo. Esse processo foi pensado ou acontece naturalmente quando vocês compõem?

R: Seria injustiça dizer que o nosso estilo foi absolutamente e espontaneamente concebido. Ouvimos bandas como Pride & Glory, Lynyrd Skynyrd e Allman Brothers e isso influencia grandemente a composição dos sons autorais do Seu Antonio. Inicialmente, é bem verdade, nem pensávamos no nosso estilo tal como o conhecemos hoje, mas as influências do hard rock por parte de alguns dos membros e a força com a qual o blues e o country se misturam em outros integrantes, certamente fez do nosso som o que ele é hoje: essa mistura das histórias contadas nas letras com o peso dos arranjos inspirados nos acordes menores e mais melódicos.

Além do mais, somos do interior e gostamos de acreditar que o sertanejo de raiz faz parte das nossas formações musicais; por isso utilizamos, em algumas de nossas músicas, a viola e o banjo que, quando unidos ao som das guitarras, geram uma sonoridade que agrada.

De curto a longo prazo, quais são os próximos passos traçados para a banda? Vocês pretendem gravar o primeiro CD?

R: A gravação de um CD para ampliação da divulgação dos nossos sons e fomentação do cenário independente na região e, quem sabe, no Brasil. Para tal, seguimos tocando e arrecadando fundos para a produção desse disco, que será, assim esperamos, ainda em 2015 e de maneira independente.

Agora chega de papo. Confira o som Frank and Breezy, gravado no programa Som e Proza, da Tv Unesp:




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